Pessoal, pensei em usar esse espaço para postarmos nossas poesias preferidas. Além de trazê-las para o cafècomcrase, vamos divulgar também algumas informações sobre os autores dos poemas selecionados. Eu, professora Isabel,inicio "os trabalhos" com um poema que acho M A R A V I L H O S O:
Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso! E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto,
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E ao vir do Sol, saudoso e em pranto
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado-amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Têm o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."
Olavo Bilac
Sobre o autor:

Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac nasceu em 16 de dezembro de 1865 no Rio de Janeiro e faleceu em 28 de dezembro de 1918. Foi jornalista, poeta e membro fundador da Academia Brasileira de Letras. É o principal representante, no Brasil, da corrente literária chamada parnasianismo.
Seguem outros poemas...
Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Luiz Vaz de Camões
Sobre o autor:

Luiz Vaz de Camões nasceu em 1524 em Lisboa, porém o dia e mês exatos não se sabe. É considerado o maior poeta da língua portuguesa e um dos grandes da literatura universal, embora até hoje não tenha recebido a mesma importância - na história e na literatura - que receberam o inglês Shakespeare e o espanhol Cervantes. Camões morreu em Lisboa em 10 de junho de 1580.
Soneto de Fidelidade
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Vinícius de Moraes
Sobre o autor:

Vinícius de Moraes nasceu no Rio de Janeiro em 19 de outubro de 1913. Exerceu as funções de diplomata, dramaturgo, jornalista, poeta e compositor. Vinícius, o poetinha, como era conhecido, celebrava o amor e a mulher em seus poemas e canções. Morreu no Rio de Janeiro em 09 de julho de 1980.